Wednesday, March 24, 2010

Delicadeza




Atitude gentil. Agir delicadamente, interagir delicadamente. Eu sei que nem sempre é viável, nem sempre é conveniente. Mas a maioria das vezes, é conveniente, é reconfortante.
Na sala de aula de um dos estagiários ao qual oriento a prática pedagógica numa escola do Ensino Básico em Sta Catarina (mais precisamente na Boa Entradinha), as paredes desgastadas pelo tempo estão repletas de cartazes.Com a tabuada, com desenhos botânicos, árvores de famílias de palavras, histórias, desenhos e colagens. Um dos cartazes, em cartolina rosa-bébé, tem por título: As três palavras mágicas. Quais serão: “Saúde, Amor e Dinheiro?”, “Liberdade, Igualdade e Fraternidade?”.Não, naquele cartaz manuscrito , afixado naquela sala de aula do interior de Santiago, as Três Palavras Mágicas são: Obrigado, Por Favor e Desculpe”. Bem, poderá haver um erro científico no cartaz, o metodólogo de língua Portuguesa diria: “Erro. Não estão lá três palavras, mas quatro.”.Pois seja. Mas que são palavras mágicas isso são. São delicadeza. Às vezes apetece-me dizer ás pessoas: “Desculpe, não se importava de ser mais gentil por favor? Obrigado”.E deixar um sorriso aberto.
E acho a coisa mais delicada do mundo pedir desculpas por não se saber ser delicado.
Viva a delicadeza!!! 

Sunday, March 21, 2010

Primavera e bruma-seca


Acordei e fui à varanda ver o dia. Uma luz diferente, não havia raios de sol sorrateiros mas sim um tom amarelado a fazer de véu sobre as montanhas. Bruma Seca. Googlei e aqui está:

“A bruma seca, ou “pó di terra”, é basicamente pó. Partículas de poeira trazidas pelo vento desde o continente africano que se espalham pelas ilhas, dando a impressão de um extenso manto de nevoeiro.
Antes fosse! As partículas finas em suspensão são respiradas pelas pessoas e causam problemas de pulmões, alergias e urticária. Pelo menos isso! E depois provoca uma sensação de mal-estar ao longo de todo o dia. Salva-se o facto de a bruma, em termos visuais, não ser assim tão desagradável.”(por Fernando Peixeiro em http://atlantico-expresso.net/cabo-verde/bruma-seca-po-di-terra-brisa-parda/2007/05).

Concordo, em termos visuais não é assim tão desagradável, traz um mistério, inspira-me. Há uma espécie de relação inversamente proporcional, entre a visão enevoada criada pela bruma e a clareza com que vejo para dentro.

Cá dentro há um planeta que roda sobre si mesmo. Há ventos doidos, dias cinzentos e dias de Sol escancarado. Há tempestades, tsunamis, terramotos, há arco-íris, auroras boreais e dias de bruma-seca. Há estações. E hoje é Primavera em mim. Um dia escrevi “Há um jardim a secar dentro de mim”. Hoje escrevo: “Há um jardim a renascer dentro de mim”.

Saturday, March 20, 2010

A Ilha e as montanhas…

…È, ainda cá estou, vou dando notícias por outras vias mas este cantinho virtual tem estado silencioso.
Inexplicavelmente, estou inspirada na Lua Nova. Costumo ficar sem norte mas desta vez não. Costumo querer evadir-me daqui ao fim de semana, mas este não. Não é que me apetece mesmo estar aqui? No meio das montanhas, de onde não se vê o mar…O mar está aqui perto, sei que está aqui ao lado, que posso ir ter com ele quando quiser, não me vai fugir. E há tantas outras coisas boas que não vão fugir se eu ficar aqui por uns momentos, no meio das montanhas. È verdade que ás vezes sufocam, estão por todo lado, como que a fechar-se sobre mim, fechando-me. Mas outras protegem, abraçam, acalmam. Rezo, leio, escrevo, penso, sorrio, lembro, crio, esqueço, vivo, aqui no meio das montanhas.